27 de fevereiro de 2014

Eleições Municipais Francesas, PS aposta no porta a porta 2.0


Os candidatos do Partido Socialista francês às eleições municipais de 2014, marcadas para o próximo mês de março em França, enfrentam o previsível aumento da abstenção e uma imagem cada vez mais impopular de um governo liderado pelo socialista François Hollande. Para complicar ainda mais o cenário, a decepção parece aumentar junto dos tradicionais eleitores de esquerda, como recentemente confirma o jornal Libération através de entrevistas conduzidas em várias regiões do país.

Face à crescente impopularidade, a estratégia dos socialistas franceses para estas eleições, passa pela aposta no porta a porta, de forma a resgatar a confiança dos franceses no partido.

E é na estratégia mais banal, o porta a porta, que poderá estar a diferença, tal como sucedeu na eleição presidencial de Hollande. Em 2012, Guillaume Liegey, Arthur Muller e Vicent Pons, um grupo de jovens activistas socialistas, com estudos em universidades americanas de prestígio (Harvard, MIT), conseguiram chegar a 5 milhões de lares franceses, resultados nunca antes atingidos num país europeu. 

Foi ainda durante os estudos em Boston, que os três jovens franceses ficaram fascinados com a campanha presidencial de Barack Obama em 2008, especialmente na sua organização para chegar a todas as zonas do país e a comunicar eficazmente com a maior parte dos cidadãos, através do contacto porta a porta. Assim, em 2012 o trio importou dos Estados Unidos as mesmas técnicas para a eleição de Hollande, formando milhares de activistas afectos à campanha na técnica do porta a porta.
Segundo eles, "20% dos eleitores que iriam votar em Marine Le Pen na primeira volta, acabaram por escolher François Hollande" como resultado desta campanha de proximidade.

A estratégia de "visitas" aos potenciais eleitores, não se pretendeu massiva,  dirigida a todos os franceses, mas sim segmentada, ou seja, dirigida apenas aqueles eleitores que tinham deixado de votar no PS e aos abstensionistas. 

A eficácia do porta a porta foi conseguida através da segmentação dos dados disponíveis, evitando-se perdas de tempo e de recursos (económicos, humanos, etc.). O normal ficheiro de Excel, com os contactos angariados, foi substituido por um software tecnológicamente avançado, que possibilitou segmentar e organizar com precisão todos esses contactos.



Para as próximas eleições municipais, o "trio de Boston", de forma a dar resposta à capacidade de mobilização dos socialistas franceses, desenvolveu uma ferramenta que pretende aumentar a eficácia do porta a porta. O software chama-se 50+1 e permite identificar as zonas geográficas prioritárias onde se encontram o maior número de eleitores, possibilitando criar planos de trabalho para acções porta a porta e acompanhar a cobertura do território por mesas de voto. Outra das funcionalidades do programa é o envio de mensagens de texto (SMS) ou correio electrónico a apoiantes agrupados com objectivos/características  comuns (por exemplo contactar apenas os apoiantes que estão disponíveis aos sábados).

A candidata socialista ao município de Paris Anne Hidalgo, conjuga o potente software da Blue State Digital (utilizado por Obama) que permite segmentar, comunicar com rapidez e recolher dados, com o "50+1" para a gestão das acções porta a porta.

As técnicas de marketing político pessoais continuam a superar as impessoais, e as acções porta a porta, que permitem o cara a cara com os eleitores, tornam-se mais efectivas, estimulando a sua participação na campanha e o seu envolvimento, tornando-se assim mais eficazes que um email, sms ou telefonema.

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